domingo, 1 de março de 2015

Vila Cruzeiro



Hoje fui presenteado pelo amigo Marcelo com uma foto lindíssima da Vila Cruzeiro provavelmente tirada nos anos 60. Não é novidade nenhuma que sou nascido e criado na Penha e vivi a minha infância e adolescência com meus amigos da Vila Cruzeiro. E para homenagear essa terra querida compartilho a foto do Marcelo acompanhada com a história desse lugar que me deu muitas alegrias e me fez crescer mesmo com todas as dificuldades que enfrentei pelo caminho. 

A ocupação da Vila Cruzeiro é tão antiga quanto à do Morro da Providência, no final do século 19, porem diferente da ocupação por soldados enviados para Guerra de Canudos, a ocupação se deu por escravos fugitivos que ficaram sobre proteção de um padre abolicionista da Igreja da Penha. Vale ressaltar que toda aquela área da Vila Cruzeiro e grande parte da Penha são de propriedade da Igreja. Padre Ricardo como era conhecido, capelão da irmandade da Penha costumava abrigar em sua própria casa escravos fugidos das redondezas, passou a se chamar por muitos o “Quilombo da Penha”. Dezoito dias antes de assinar a Lei Aurea Princesa Isabel visitou o santuário da Penha. Seria apenas uma coincidência?

O nome Vila Cruzeiro se deve a um cruzeiro que existiu no alto do morro e que apenas moradores mais antigos sabiam da sua existência. E que poucos moradores também sabem, foi me confidenciado por meu avô, é que em meados dos anos 40 (não exato) estudavam a desocupação da favela para construção de um grande cemitério, mas para nossa sorte as terras eram impróprias, muita rocha, disse o saudoso querido vovô Osvaldo. 

Lembro-me das peladas do Campo do Ordem e Progresso ou somente campo do “ORDI” como a molecada da minha época chamava. Foi nesse mesmo campo que um garoto despontou para o futebol e ficou conhecido mundialmente como Imperador. E até hoje Adriano mesmo com a notoriedade não esquece o lugar onde nasceu e os amigos que fez. 

É claro que a Vila Cruzeiro como em qualquer favela existem histórias tristes para se contar. Essas histórias eu deixo para as mídias já nos bombardeiam tanto com elas, e prefiro saborear apenas aquelas que me fazem voltar a ser criança na minha querida Penha.

Texto publicado em 26 de setembro de 2012 no Facebook

2 comentários:

  1. Nossa, eu amei a foto e o depoimento, morei até sair ora me casar na Vila Cruzeiro, saudade desse tempo, das pessoas, vizinhos, brincadeiras, chorei.Eu morei na rua da Carvoaria perto do poço da Praça.

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