terça-feira, 27 de outubro de 2015

Sargento Frank Brian


Amigos, agora mesmo ao baixar meus e-mails recebi uma mensagem confidencial de um tal sargento Frank Brian e como não sou de guardar segredo quero compartilhar com os meus amigos do Facebook . 

Bom, se alguém realmente acredita na estória e quer levar 20% dessa bolada de 10 milhões de dólares me avise no comentário que passarei o link do sujeito...kkkkkk

Bom, brincadeiras a parte...Gostaria de ressaltar que a imaginação de quem bolou o texto é muito boa. Esse talento poderia ser usado e lapidado para conteúdos literários. E no futuro o Sargento Frank Brian condecorado com o premio Nobel de Literatura.

Exagero? Sei lá. 
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Bom dia.

Eu sinceramente peço desculpas por se intrometer em sua privacidade, especialmente em contato com você através deste meio de uma transação comercial desta magnitude. Eu estou entrando em contato via e-mail , porque eu quero que você receba esta mensagem como confidencial e oficial. Por esta razão , eu quero que a nossa comunicação a ser basicamente através de e-mail por enquanto.

Eu sou o sargento. Frank Brian , um do Exército dos EUA que estava na 3 ª Divisão de Infantaria no Iraque durante a invasão de Saddam Hussein e eu mais tarde foi enviado ao Afeganistão . Agora, no Reino Unido para o tratamento. Eu quero que você leia este e-mail com cuidado e compreendê-lo.

Em 2003 , meus homens e eu encontrei mais de US $ 900 milhões em esconderijo de Saddam Hussein em Bagdá , que enviou alguns de volta para o governo do Iraque depois de contá-lo em um local classificado, mas nós também manteve alguns atrás para nós mesmos. Parte do dinheiro que nós compartilhamos entre nós vale mais de US $ 200 milhões, eu mantive a minha parte por um tempo em um lugar seguro . Preciso de alguém que possa me ajudar a receber a minha parte do valor , desde que eu encontrei uma maneira segura de conseguir o pacote do Iraque para que você possa pegar com a ajuda de uma Sociedade da Cruz Vermelha ou os pilotos que gostam de alguma imunidade com nós enquanto estávamos no Iraque.

Eu não sei por quanto tempo vou ficar aqui no hospital , como eu tenho a sorte de sobreviver três atentados suicidas por militantes do Taliban no Afeganistão , eu sei que esta foi a intervenção divina pura de Deus para mim estar vivo até este momento.

Preciso de alguém que eu possa confiar, pois eu já perdi uma caixa de ouro para alguém que disse que vai me ajudar, eu não gostaria de cometer o mesmo erro . O montante total de dinheiro é de R $ 10,000.000.00 (dez milhões de dólares dos Estados Unidos ) , eu estou pronto para confiá-lo aos seus cuidados até eu completar meu tratamento aqui no Reino Unido e se encontrar com você para projectos de investimento partilha subseqüente e , como investimentos imobiliários .

Você vai encontrar a história deste dinheiro no endereço web abaixo. Depois temos cúpula a parte restante do fundo para o Governo americano.

http://XXXXXXXX

Quero investir em imóveis no seu país. Se você pode lidar com este acordo, por favor me avise imediatamente , você receberá 20 % do dinheiro , tudo que você precisa fazer é encontrar um lugar seguro onde você pode manter a caixa até eu terminar meu tratamento aqui no Reino Unido.

Por favor me ajude e que Deus abençoe você .

Atenciosamente,
O sargento Frank Brian

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Publicado em 31 de outubro de 2013 no Blog do Recicla Leitores.

domingo, 25 de outubro de 2015

O Fantasma do Padre da Capela

Levantei cedo, peguei o jornal e meus olhos se encheram de lágrimas com a notícia: as luzes da Fazenda Colubandê se acenderiam às 19 horas.
OBA!!! Tirei da gaveta a minha melhor camisa. Fiz a barba como se me preparasse para um evento de gala. E é mesmo um evento de gala. Para mim, a valorização da história e do nosso patrimônio é mais importante do que qualquer outro evento, desses onde mulheres desfilam com seus saltos altíssimos e seus vestidos de brilho, que ofuscam os olhos de quem vê, e homens passeiam pelo salão com seus ternos de puro linho, como se tivessem o rei na barriga.
Enfim, eu estava lá com a minha família na hora marcada. Marcada não, cheguei meia hora mais cedo para não perder nenhum detalhe do acionamento dos disjuntores até a iluminação por completo.
A hora foi passando e cada vez mais a comunidade do entorno da fazenda chegava. Eram famílias inteiras. Com ouvido atento, me alegrava com cada história contada sobre a beleza e o que a fazenda representava para cada um ali.
Deu meia hora, uma hora e nada do brilho saltar os olhos. Até que ouço de um e de outro que, por determinação da prefeitura, as luzes não iriam se acender. Ué, mas estava no jornal! Será que é pegadinha do malandro gonçalense?
Já estava xingando todas as gerações do prefeito, quando mais que de repente as luzes da capela se acendem! No instinto, olhei para minha filha ,que tinha no rosto um sorriso e o verde do brilho das luzes. Ela olhou pra mim como se dissesse “agora vai”.
Não demorou 5 minutos e as luzes de LED se acenderam, moldando cada detalhe do casarão e da capela.
As famílias se abraçaram, aplaudiram e curtiram de vez a beleza do lugar. Não existe nenhum outro espaço mais bonito que a nossa fazenda iluminada com as cores do natal. Nem mesmo a árvore da Lagoa tem o mesmo charme que a nossa Fazenda Colubandê. Os flashes se misturavam com as luzes da fazenda, numa sintonia perfeita.
Como tudo que é bom dura pouco, entra um sujeito desesperado gritando:
– Quem foi que acendeu as luzes da fazenda?
– Eu vi que foi um cara de branco! – Gritou uma menina.
– Cara de branco? – Bom o Saci esta fora de cogitação. Seria o fantasma do padre da capela?
Bom, gostaria de agradecer ao fantasma do padre da capela ou quem quer que tenha feito esse gesto maravilhoso de ligar as luzes da fazenda, fazendo a felicidade de dezenas de famílias que ali se acomodaram para ver esse fantástico show de luzes.
Texto publicado em 15 de dezembro de 2013 no Sim São Gonçalo.

O Brasil de João


   É muito triste ver o meu país de escolas com instalações precárias. Crianças são sujeitadas a conviverem entre goteiras que formam poças enormes nas salas de aulas. Carteiras quebradas onde o aluno se preocupa mais em pensar como vai fazer para escrever do que na própria matéria passada pelo professor. Banheiros com tubulações quebradas onde falta água para o mínimo de higiene dos alunos e professores. A qualidade da merenda que chega às crianças muitas vezes não supre o mínimo para a sua nutrição e interfere de forma direta no crescimento e desenvolvimento intelectual.  - É o famoso macarrão com salsicha, que muitas vezes é a única refeição para algumas crianças que não tem o que comer em casa.

  Podemos colocar nesse imenso circo de horrores  chamado educação no Brasil os injustos salários dos professores. Esses sim são guerreiros que fazem milagres para sobreviver e graças a eles e o amor por desenvolver essa profissão nobre a educação ainda caminha e vemos luzes no fim desse comprido túnel.

  Todos os que educam com amor são exemplos para todos nós, mas gostaria de falar de um em especial. Um professor que como referida na musica dos “Paralamas”  tinha a cor do Brasil. Não só a cor, mas o Professor João Pereira da Silva tinha tanto haver com o seu país que fez dele parte do seu nome.

João Pereira da Sila - João Brazil
   Em 12 de fevereiro de 1874 nascia na cidade de Nova Friburgo João Pereira da Silva, filho do casal Clara Maria da Conceição do Nascimento e Desidério de Oliveira. Sempre com muita dificuldade João ajudava no orçamento familiar trabalhando como caixeiro ao mesmo tempo em que fazia seu primário na cidade de Macuco.      

   Foi aos 15 anos que o lado educador de João aflorou e mesmo tendo apenas o curso primário começou a lecionar para quatro alunos nos fundos da oficina do irmão mais velho que trabalhava como ferreiro. E não demorou muito para João erguer o Colégio Nossa Senhora da Conceição, sua primeira escola  dentro de uma Fazenda chamada Maravilha onde lecionava para os funcionários.     

   A popularidade do professor João fez com que o coronel Alfredo de Morais dono da Fazenda Providência contratasse-o para lecionar, e em 1893 se transferiu para São Francisco de Paula. Um ano depois foi nomeado professor público em Lumiar onde exerceu essa atividade por 4 anos. Foi nessa época que conheceu Magnólia, sua companheira para toda vida. Casaram-se em 1900 e seguindo a máxima de que atrás de um grande homem existe uma grande mulher, com ajuda de Magnólia no dia 12 de outubro de 1902 fundava em Estrada Nova, município de Itaocara, o Colégio Brasil. Batalhador como sempre foi, fez ele mesmo as primeira mesas e cadeiras de caixotes de madeira  para seus 6 únicos alunos.

   Em 1909 mudou o colégio de Itaocara para Cordeiro onde também fundaria um banco e um jornal. Foi neste mesmo ano que adotou sua pátria ao nome passando a se chamar João Brazil. O motivo dessa mudança foi a má fama de um homônimo na cidade de Nova Friburgo.

Pavilhão principal do Colégio Brasil (1902-1985)

    Foi em 1914 que João Brazil adotou de vez a cidade de Niterói alugando a chácara de seu xará João Rodrigues Serrão, onde hoje é a Noronha Torrezão. Não demorou e João Brazil, prestes a completar 10 anos residentes na cidade sorriso, ganhou o maior de seus presentes do então prefeito Cantidiano Rosa,  o contrato de cessão da utilização do patrimônio que pertenceu à Constantino Pereira de Barros, o famoso barão de São João de Icaraí. O belíssimo palacete que então estava funcionando como o asilo da Velhice Desamparada. Neste lugar João Brazil pode dar continuidade ao que sempre quis fazer em toda sua vida, educar. E assim o Colégio Brasil se tornou referencia na educação Niteroiense e no Brasil. No começo o colégio funcionava como internato e externato para rapazes e somente na década de 30 o colégio abriu as portas para meninas.

    Muitas personalidades importantes no cenário nacional  passaram pelo Colégio Brasil como músicos, cineastas,  educadores, políticos, militares e até um rei. - “Falando sério, bicho!” -  É, foi no Colégio Brasil que rei Roberto Carlos aprendeu a ser “o cara”.

acima paio interno e abaixo entrada do Colégio Brasil década de 40
Crédito: Araken França

    Dez anos antes de falecer em 6 de maio de 1940, João Brazil ainda fundou o Colégio Guanabara em 1931 e fundou em 1932 o jornal “O Estudante” um órgão de alunos do Colégio Brasil.         

   O Colégio Brasil ainda funcionou quase meio século após a morte de seu criador. Fechou as portas em 1985 e infelizmente nos dias de hoje o histórico palacete localizado na Alameda São Boaventura corre o risco de não mais existir, podendo vir a desabar ou mesmo virar estacionamento do condomínio que faz parte do terreno. Mas para que isso não aconteça a família Brazil, moradores do Fonseca e ex-alunos e professores do colégio brigam pelo seu tombamento e a criação de um espaço cultural no lugar e assim mantendo a história e a memória desse bem importantíssimo para cidade de Niterói.

Imagem (externa) do antigo Colégio Brasil

   Merecidamente este educador tão importante  foi homenageado de diversas formas pelo Brasil a fora após sua morte, mas dentre as mais importantes na cidade de Niterói está Escola Municipal João Brazil no morro do Castro e a Avenida Professor João Brasil tão importante para o gonçalense de Alcântara que trabalha no Rio,  corta por Tenente Jardim para fugir do engarrafamento da Alameda.

    A Escola Municipal foi criada por decreto número 2788/77 no ano de 1977, apesar do primeiro tijolo ser colocado em 1976 na prefeitura de Ronaldo Fabrício tendo como secretário de educação e cultura o Professor Helter Barcellos. Em 1977 o então prefeito Moreira Franco continuou a obra da escola que foi construída no terreno do famoso Dr. Raul de Castro Alves, que deu o nome ao morro do Castro.

    Quanto a Avenida Professor João Brasil essa tem mais idade, foi pelo decreto de 2 de maio de 1950 do prefeito Rocha Werneck. Só em setembro de 1952 seu traçado foi aprovado pelo prefeito Daniel Paz de Almeida e outubro do mesmo ano as obras começaram. E assim Inaugurada  em 1954 na gestão do prefeito Lealdino Alcântara que por uma coincidência do destino um de seus genros.

   Infelizmente um erro de interpretação no acordo de utilização da nova ortografia de 15 de junho de 1931, aprovada pela Academia Brasileira de Letras e a Academia de Ciências de Lisboa em decreto número 20.108 pelo presidente Getúlio Vargas fez erroneamente com que o nome do homenageado fosse escrito com “S” e não com “Z”.  O acordo Ortográfico Luso-Brasileiro resolveu fixar a grafia de Brasil e não mais Brazil. Mas quanto ao nosso professor não poderíamos levar em consideração essa mudança, pois se trata de um nome próprio.

   Podemos dizer que nossas vidas são comparadas a um filme onde somos roteiristas, diretores e protagonistas. Que por vezes fazemos dela, a vida,  um romance, drama, terror e até comédia. Alguns fazem verdadeiras obras dignas de Oscar. E quem você gostaria de interpretar neste filme chamado de vida? Um “João-Bobo” insistindo em votar em políticos que não dão a mínima para o seu país, preferindo gastar milhões em estádios de futebol deixando de investir na saúde e educação. Ou você prefere interpretar personagens como nosso professor João Brazil, que mesmo nascendo pobre e mulato em um país cheio de preconceitos conseguiu dar a volta por cima trabalhando muito pela educação e acreditando tanto no seu país que fez dele extensão de seu próprio nome.

Queremos nosso Brasil desses João.

Fontes:
Família Brazil
CDP – Centro de Documentação e Pesquisa de Niterói.


CURIOSIDADE:

·         Em 1936 candidatou-se a vereador, mas não foi eleito.
·         Casado com a professora Magnólia Brasil, tiveram 7 filhos. Zoraida, Rubens, Ilka, Ruth, Zélia, Zuleika e João Brazil Júnior.
·          É patrono da cadeira 21 da Academia Itaocarense de Letras.
·         Fez parte da sociedade que reorganizou o Conservatório de Música de Niterói e da comissão que no ano seguinte reformou a matriz de São Lourenço.
·         Alunos famosos do Colégio João Brasil são o músico Sérgio Mendes,  as cantoras Marília Medalha e Teresa Tinoco, o maestro Eduardo Lajes, o diretor de televisão Moacyr Deriquém e o cineasta Walter Lima Junior além é claro de Roberto Carlos.
·         O prédio onde foi sede do Colégio Brasil em Niterói foi do Barão de São João de Icará que  foi descendente do médico Francisco da Fonseca Diniz, proprietário das terras de onde é o bairro Fonseca, daí o nome do bairro.
·         Letra do Hino
Hino do Colégio Brasil
Música de Maestro Felício Toledo e letra de Dr. A. Gonçalves


Pela Pátria sejamos, um dia,
Povo heróico da Patria feliz,
Exaltemos o ardor que irradia
Toda a glória do nosso País!

coro:
O Colégio Brasil, sempre à frente,
Sempre grande, a lutar, e a vencer,
Seja o templo da luz eloquente
Aclarando o infinito; O SABER!
Que os luzeiros da Pátria fremente
Do futuro os heróis devem ser...

Pelo livro, na ciência que vence,
Seja a nossa divisa: ESTUDAR,
Que o futuro somente pertence
Quem deseja crescer... e marchar...

Coro..

Passo altivo o Brasil, nossa terra
Inspirado no Céu sempre azul,
Elevar a grandeza que encerra,
Desde o Norte às coxilhas do Sul!

Coro..

Seja a Escola a esperança suprema
Toda envolta na Fé, no Labor...
Que se parta, nos pulsos, a algema
Onde possa vibrar nosso AMOR 

Coro...
 

Texto publicado em 5 de junho de 2014 no Blog do Vovozinho.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Te Amo São Gonçalo!


Hoje acordei querendo falar de amor. De um amor incondicional. De um amor que me balanga as pernas e penetra minha alma.
Minha paixão apesar de estar completando 125 anos é serelepe como um menino. E certeza eu tenho que continuará jovem por toda eternidade.
Sua beleza? Há és bela por demais! Sabe aquela beleza que te encanta ao primeiro olhar? Foi assim que me senti ao te ver com meus olhos apaixonados pelos seus encantos, pela sua história e pelo seu povo.
E seus encantos? São muitos!!! Que me desculpe o poeta, és mais que singela, és pomposa, grandiosa, magnífica e imponente. E todos os tons de cores da aquarela te fazem uma obra prima que nem o melhor artista desse planeta passaria com sua merecida perfeição.
Sua história? Cada pedacinho dos seus 249 Km² tem uma história para contar. Uma história contada e encantada de geração por geração, por pessoas que levam e elevam seu nome te dando uma identidade.
Seu povo? Esse sim graças a Deus é singelo. E com toda simplicidade desse mundo te levanta e te faz caminha na direção certa. Cada pingo de suor que cai do rosto de seu povo é adubo para te tornar mais fértil. Com seu povo não tenho dúvidas que seu futuro será maravilhoso como diz a letra de seu hino.
Eu, Alex Wölbert, prometo te amar e respeitar na saúde e na doença, na alegria e na tristeza até que a morte me separe de ti, pois continuara bela e cheia de saúde mesmo quando não puder mais contemplá-la neste mundo. E também não sou ciumento a ponto de te querer só para mim, pelo contrário, quero que cada um assim como eu se apaixone por você te fazendo querida e grande.
TE AMO SÃO GONÇALO !!!

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Centenário de Joaquim de Almeida Lavoura



        Naturalmente amamos a nossa terra natal, porém esse amor fica mais forte e apaixonado quando adotamos uma cidade, sua gente e sua cultura. Exemplo disso foi o que aconteceu com o garoto simples do bairro do Caju, na cidade do Rio de Janeiro, Joaquim de Almeida, que adotou a cidade de São Gonçalo não só como moradia, mas arregaçou as mangas e batalhou para que ela crescesse e se desenvolvesse. 

       Na contramão de qualquer político engravatado e com a simplicidade de um trabalhador rural, Joaquim de Almeida adotou “Lavoura” ao seu nome, e não foi por marketing para afirmar a simplicidade, mas sim a simplicidade de homenagear sua querida avó paterna. Não era seu nome que o deixaria mais simples e sim o seu comportamento que o fez uma lenda na política de São Gonçalo.

         Um homem que suou a camisa trabalhando 12 horas diárias como lenhador para no final do dia ganhar Cr$ 4,00 (Quatro Cruzeiros) tinha que ser mesmo representante do povo. Alem de lenhador Lavoura foi pescador seguindo os passos do pai, e quis o destino que ele entrasse na política justamente para defender essa classe que ganha à vida com pescado. Foi em 1931 com 21 anos de idade trabalhando em uma fábrica de conservas de peixe que lutou contra o decreto federal onde o então Ministro da Agricultura General Juarez Távora criou um Entreposto Federal da Pesca, onde os pescadores eram obrigados a entregar ali toda sua pesca, e um leiloeiro designado pelas autoridades, revenderia os peixes aos consumidores pelo preço que ele mesmo determinaria e cobraria 5% do bruto da venda. Lavoura com sua nata liderança logo tornou-se representante dos pescadores nessa luta e a vitória surgiu na anulação do artigo.

         Só mesmo aos 33 anos que Joaquim de Almeida Lavoura entrou de cabeça na política filiando-se ao PSD, Partido Social Democrata, era oficialmente candidato e se elegeu como um dos vereadores mais votados. Lavoura não tinha mais o salário de lenhador, ganhava mensais Cr$ 1.300,00 com o salário de vereador, porém simples como sempre foi sua vida, achava que aquele salário era mais do que precisava e mês sim e mês não doava todo salário para o Hospital de São Gonçalo. Esse gesto não é comum entre políticos, principalmente os de hoje, mas não foi só esse gesto que tornou-o um político popular. Era comum encontrá-lo em canteiros de obra trabalhando entre operários e a noite ainda tinha pique para se dedicar as necessidades de sua administração. Tornou-se conhecido como “O Vereador de Tamanco” (como se chamava os calçados dos operários da época).

Estátua de Joaquim Lavoura, praça Estefânia de Carvalho, São Gonçalo.
         Antes de se candidatar a prefeito em 1954, Lavoura tentou sem sucesso candidatar-se em 1950 à Assembléia Legislativa. Deve ter sido uma punhalada pelas costas quando seu partido, PSD, rejeitou sua candidatura para prefeitura de São Gonçalo por achar que seu discurso não era acadêmico, já que Lavoura possuía apenas o primário (quarto ano do ensino fundamental). Ele podia não ter escolaridade, mas era extremamente culto, inteligente e principalmente um lutador e imediatamente filiou-se ao PTN (Partido Trabalhista Nacional) e fez ele mesmo a sua campanha eleitoral em um caminhão aberto com um alto falante emprestado falando ao povo -“O Brasil não precisa de doutores, mas de trabalhadores.“ ”Quero me eleger prefeito para trabalhar.” - A pá e a picareta tornaram-se ícones na sua campanha. Não deu outra, dos 36.462 eleitores do município 13.575 elegeram Joaquim Lavoura prefeito de São Gonçalo.

         Além do mandato de prefeito de 1955 a 1959, Lavoura também foi eleito prefeito de 1963 a 1967 e 1973 a 1975, onde faleceu no dia 12 de novembro deste mesmo ano por complicações pulmonares.

      É inquestionável o rumo de São Gonçalo ao desenvolvimento pós Lavoura, responsável por alargamento das ruas, promoveu os calçamentos do Porto Velho e Sete Pontes, via principal entre Niterói e São Gonçalo. Comprou e instalou a Usina de Asfalto e a Fábrica de Artefatos de Cimentos (manilhas e meio-fios). Construiu estradas e pontes, visando o escoamento das produções agrícola, pecuária, comercial e industrial. Porém, acredito que o seu maior feito foi a redução do próprio salário de prefeito de Cr$ 90.000,00 para Cr$ 16.500,00 provando que política se faz com trabalho e não com cifras. 

         Nós, do Recicla Leitores e do Blog Tafulhar, gostaríamos de parabenizar cada gonçalense por essa data especial onde comemoramos 100 anos do nascimento deste político e nos sentimos honrado por ser um projeto da cidade de São Gonçalo. Trabalhamos para que outros “Lavouras” apareçam conduzindo nossa cidade, estado ou país com honestidade e muito trabalho. Joaquim de Almeida Lavoura pode ter tido apenas a educação fundamental, porém era um leitor voraz, e temos a certeza que esse hábito tornou esse homem culto e cheio de princípios éticos. 

Texto publicado em 8 de abril de 2013 no Tafulhar.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Adélia Martins, educação se faz com amor ao próximo


Adélia Martins tinha tudo para passar pela vida, apenas passar, mas ela fez mais do que passar. Ela passou e plantou uma semente que germinou e dela brotou uma bela árvore que ainda continua frutificando na nossa cidade. A árvore do conhecimento.

          Aos 29 dias do mês de agosto do ano de 1872 nascia no município de Boa Esperança, cidade  de Rio Bonito a heroína da educação gonçalense. Adélia Martins era filha do médico Dr. Joaquim de Almeida Marques Simões e Maria de Freitas Simões, os grandes responsáveis pela sua alfabetização. A menina nasceu obstinada em realizar seu sonho e ainda nova começou a lecionar para os colonos e vizinhos da fazenda onde residia em Rio Bonito. Mas ela queria mais, queria se especializar e seu pai deixou a grande missão de prepará-la para Escola Normal de Niterói com o seu amigo também médico Edmundo March, filho do famoso médico Dr. March.

Quando ingressou na Escola Normal de Niterói Adélia já tinha 5 filhos e nos dias de aula sem ninguém que pudesse cuidar enquanto assistia as aulas,  os deixavam no Grupo Escolar “ Barão de Macaúbas”, do respeitado pedagogo do período monárquico Abílio Cesar Borges.  Foi nesse período que foi chamada de heroína pelo seu professor Ataliba Lepage.

Durante a gestão do Presidente do Estado do Rio de Janeiro Dr. Alberto Torres (deu o nome ao Hospital Estadual no bairro de Colubandê) Adélia Martins foi nomeada professora subvencionada no próprio Município onde morava. Mais tarde, no governo de Dr. Nilo Peçanha acabaram as subvenções e nessa parte da vida que São Gonçalo ganha o coração de Adélia que se muda para São Gonçalo alugando uma salinha na casa do senhor Salvino de Souza em uma região chamada Coelho (atual bairro de mesmo nome) onde na época não existia nenhuma escola.

Adélia determinada na missão, começou a correr a freguesia passando de casa em casa dos moradores do local avisando-os para mandarem seus filhos para escola sem se preocuparem com custo, tudo 0800. O resultado foi tão satisfatório que a salinha não deu mais para comportar tanta criança, e Adélia não perdendo tempo adquiriu da família Duque Estrada a antiga casa grande da Fazenda do Coelho.

Pedia doação de caixotes de madeira aos comerciantes locais para servirem de banco para seus alunos,  para o governo pedia doações de materiais escolares (caderno,giz e quadro). Também conseguiu com que o governo através de doação fizesse um grande galpão de madeira e telhas para atender mais alunos. 

          Adélia era muito querida por todos no palácio do governo, levava frutas frescas, pudim e bolo.     

Com tamanha força de vontade Adélia foi reconhecida pelo então prefeito de São Gonçalo Geraldo Ribeiro que a nomeou professora Municipal. Mas Adélia queria mais e não satisfeita conseguiu que o então Presidente do Estado Dr. Feliciano Sodré a incluísse no quadro de professores efetivos do Estado e foi nomeada para uma escola vaga numa fazenda do Município fluminense de Vassouras.

Mas seu lugar não era ali, e guerreira como sempre, consegue o maior de seus objetivos. Intercedeu junto ao Presidente Feliciano Sodré a sua transferência  da escola em que trabalhava no Município de Vassouras para o Coelho, e doou a escola de sua propriedade para o Estado onde passou a existir como grupo escolar. 

Ata inaugural do Colégio Adélia Martins

Em 1966 o então prefeito Joaquim de Almeida Lavoura com a presença do governador do Estado General Paulo Torres realizou a inauguração oficial do grupo escolar Colégio Estadual Adélia Martins no Campo do Coelho.  E até hoje funciona em 4 turnos diários com mais de 1000 alunos. 
Essa árvore que nossa heroína plantou frutificou e é responsável pela formação anual de dezenas de gonçalense moradores do Coelho e adjacência, os armando para enfrentar o mundo com a melhor de todas as armas. A educação. 




Texto publicado em 6 de março de 2014 no Tafulhar.

domingo, 16 de agosto de 2015

Mata a Cobra e Mete o Pau


Algum tempo escrevi sobre as inofensivas medusas da Indonésia clique aqui . Falando sobre o processo de evolução que sofreram durante milhões de anos que as fizeram diferentes.

Um fenômeno natural bem parecido, mas com um resultado inverso aconteceu bem perto da gente, aqui mesmo no Brasil. Estou falando da Ilha da Queimada Grande, localizada a 35 km de Itanhaém, no litoral de São Paulo. Uma ilha que seria considerada o próprio Jardim do Éden, pela sua beleza paradisíaca se não fosse um detalhe. Adão e Eva não seriam tentados por uma só serpente, mas por centenas, estima-se que sejam 5 por metro quadrado. Jararaca- ilhoa, parentes das jararacas, mas com um veneno 12 a 20 vezes mais forte, uma picada mata um ser humano em 2 horas. 

Essa cobralhada toda reunida em um só lugar se deve ao isolamento geográfico durante a era glacial há 10 mil anos onde o degelo cobriu grande parte da extensão de terra formando várias ilhas como essa. Desde então essas pobres serpentes tiveram que se virar para sobreviver nesse pequeno espaço de terra. E entrou mais uma vez a tal evolução fazendo as transformações necessárias para perpetuar a espécie em um local que não existe nem água potável. Como são sortudas essas cobras, pois a água que empossa das chuvas são suficiente para hidrata-las por um longo período. Mas voltando a evolução, todos sabem que o principal alimento da cobra são os roedores, mas como viver em uma dieta de carne vermelha se não existe mamífero. Cobra vegetariana seria demais, mas como diz Jorge Ben Jor, canja de galinha não faz mal a ninguém, e assim as aves de passagem pela ilha em suas migrações passaram a ser o alimento. E com isso as cobras aprenderam a subir e prender-se nas árvores pela calda para caçar enrolando em forma de um laço em volta dos galhos e se sustentar pendurada. 

A peçonha também foi outro fator na evolução, se não tivessem ficado mais forte a ponto de matar a presa em segundos, correria o risco do jantar sair voando e parar no mar. Para ajudar na camuflagem a cor da pele tornou-se menos vistosa, um ocre variando até um marrom claro para chamar pouca atenção. A solução encontrada pela natureza para épocas de superpovoamento ou escassez foi torna-las hermafrodita. Quando em determinada época ocorre ali maior presença de machos, ou vice-versa, algumas desenvolvem o sexo oposto para perpetuar a espécie. O site Listverse, especializado em listas diversas de melhores e piores sobre todos os assuntos, em 2010, elegeu a ilha como o pior lugar do mundo para se visitar, à frente da zona contaminada de Chernobyl. 

Impressionante como um animal que carrega o pesado fardo da morte, pode trazer consigo a esperança da vida. Através do estudo do veneno da jararaca, em 1948, pesquisadores brasileiros descobriram o vasodilatador bradicinina, que tem ação anti-hipertensiva e deu origem ao importante medicamento Captopril. Mais tarde em 2011, graças também ao estudo do veneno da jararaca surgiu o Evasin. Estudiosos acreditam que pesquisas realizadas com o veneno da jararaca-ilhoa, que só existe na Ilha brasileira, podem resultar em remédios de grandes benefícios para humanidade. 

Para ambientalistas as propriedades ainda inexploradas do veneno tornam essas cobras um alvo cobiçado da biopirataria. Pessoas inescrupulosas de outros países se aproveitam da distância da ilha para costa e caçam as cobras ilegalmente para leva-la para o exterior. A coleta de espécies na ilha tem que ser autorizada pelo IBAMA e a retirada de exemplares sem o consentimento constitui um grave crime perante a lei de proteção à fauna e as forças armadas. Então nos levantemos contra todos os estrangeiros que invadirem e explorarem nosso território. Vamos dizer para eles que aqui nós matamos a cobra e mostramos o pau. Ou melhor, salvamos as cobras e metemos o pau.

Texto publicado em 9 de outubro de 2013 no Blog do Vovozinho.
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