quinta-feira, 25 de junho de 2015

Por uma Cidade Mais Rosa


O primeiro dia do ano em São Gonçalo nasceu cor de rosa. Pelo menos para os moradores do bairro do Patronato em especial na Praça dos Ex-Combatentes quando o gerente comercial por profissão, mas alma de “artista”, Fabiano Vieira Barreto, resolveu colorir de rosa o tanque de guerra da praça.

A cor não poderia ser melhor para a “cidadania” que Fabiano desejava atingir com o seu gesto. Nenhuma outra cor sugere ternura, romantismo e ingenuidade. O rosa significa feliz, próspero e alegre.  Quem nunca sonhou ter um “futuro cor-de-rosa”? É a cor de maior sucesso entre as crianças e adolescentes. 

Acertou a cor e errou no alvo. Não é num monumento público que devemos expressar nossa arte. Mesmo que esse patrimônio represente historicamente tempos de guerra fazendo valer o provérbio latim “Si Vis pacem, para bellum”, que significa “Se quer paz prepare-se para guerra”.

Fundada em 1970 a praça e os monumentos expostos como um museu a céu aberto, são homenagens as centenas de gonçalenses que lutaram no gelado Monte Castelo, no Norte da Itália, durante a Segunda Guerra Mundial.  Gonçalenses esses que saíram do 3° Regimento de Infantaria da Venda da Cruz, o tão famoso 3° BI que por conta do descaso dos nossos governantes ao patrimônio histórico municipal hoje está se transformando em um grande condomínio.

Fabiano, não lhe culpo pelo que fez. Nem mesmo o prefeito da cidade é digno para te acusar, pois ele mesmo não deu exemplo quando decretou o destombamento do 3° BI, nosso patrimônio. Mas que isso lhe sirva de aprendizagem. Não só para você, mas para todos nós que acreditamos que para ter uma  cidade mais prospera e feliz não precisamos pinta-la de rosa e sim cumprirmos nosso dever como cidadão em todos os aspectos, desde lixo no chão até preservação do patrimônio.

E que tal trocar a lata de tinta e o pincel pelas urnas em 2016! Ai sim, fazendo a escolha correta, você estará contribuindo por uma cidade mais cor de rosa.   

Texto publicado em 2 de janeiro de 2015 no Blog do Vovozinho.



sábado, 13 de junho de 2015

Alimenta o Corpo e a Mente


Imagine entrar em uma lanchonete e se deparar com centenas de livros espalhados no balcão. Onde um senhor, com traços orientais, manuseando uma chapa e com um sorriso cativante, diz que pode levar o livro que quiser. E que, quando acabar de ler, devolva para que outros tenham a oportunidade de ler o mesmo livro também. “Aqui alimentamos não só o corpo, mas também o espírito.”
Para a alegria dos  “gulosos” por leitura e um ótimo lanche, esse lugar existe. Trata-se do “Japa Lanches”, na Rua Francisco Rocha, 59, no bairro do Porto da Pedra. O espaço foi carinhosamente batizado de bibliojapa. O Sr. Osvaldo Roberto conta que a ideia nasceu de fazer um clubinho de leitura entre as crianças do bairro.  Sem fugir da sua origem oriental, durante esses encontros o Sr. Osvaldo não deixa de fazer seus origamis, tornando a leitura mais lúdica entre os pequenos. Ele acredita que a igualdade está na educação. Para ele, ler é saber.
Japa Lanches - SIM São Gonçalo
Nesse lugar, encontramos  o verdadeiro X-TUDÃO. Saboreamos esse misto de sabores que só a literatura proporciona. É por isso que nós da família Recicla Leitores acreditamos que gestos como esse mudam o mundo para melhor. Um prazer alimentarmos essa saborosa biblioteca, ampliando esse cardápio de sonhos.
Texto publica no dia 21 de abril de 2013 no Blog do Recicla Leitores

sábado, 6 de junho de 2015

Yes, nós Temos Sardinhas!

Todo gonçalense, independente da idade, se orgulha em dizer que sua cidade já foi apelidada de Manchester Fluminense, comparada à cidade inglesa que também foi um grande pólo fabril na Inglaterra. Manchester foi uma cidade importantíssima na revolução industrial. De lá, o mundo viu as primeiras máquinas industriais a vapor no ramo têxtil e a primeira linha férrea de passageiros. O tempo passou e ela continua como relevante centro industrial e econômico.
Os futebolistas de plantão logo imaginam o Manchester United e Manchester City – atire a primeira pedra quem nunca jogou com um deles no FIFA ou Pro Evolution dois mil e qualquer coisa. Mesmo com a ascensão do São Gonçalo Esporte Clube, garantindo a vaga na segundona do carioca, e o azul da camisa do clube gonçalense, vale lembrar que não é do Manchester City que vem essa comparação.
A nossa Manchester, a fluminense, foi assim batizada entre a década de 20 a 50, quando grandes indústrias se instalaram por aqui, fazendo de São Gonçalo a responsável pela metade da arrecadação de impostos para economia do estado do Rio de Janeiro. Entretanto, a cidade não conseguiu segurar a peteca até os dias de hoje. Dentre todas as empresas instaladas nos primórdios, uma continua a pleno vapor, ganhando espaço no território nacional até mesmo internacional.
Yes nós temos sardinhas – SIM São Gonçalo
O couro comia na política nacional. Com o Estado Novo de Getúlio Vargas, através do Decreto 37, todos os partidos políticos foram extintos em 2 de dezembro de 1937. Neste mesmo dia, nem aí para o momento, o gaúcho José Emílio Tarragó achava um jeito de ganhar a vida com o sabor meio doce e meio azedo do tamarindo. Fundava em São Gonçalo a Tarragó, Martinez e Cia Ltda que fazia sucos e licores da fruta. Mas em pouco tempo de empresa, Tarragó viu que trabalhar com tamarindo não era tão doce assim, devido à baixa lucratividade. Daí, mudou radicalmente sua atividade para conservas de peixes. Assim nascia a Indústria de Conservas Coqueiro. A razão social não foi por desgosto com o pobre fruto tamarindo, e sim um jeito de homenagear a Praia do Coqueiro, no bairro do Porto velho, onde na época era a sede da empresa.
Fábrica da Coqueiro, Porto Velho, São Gonçalo. Foto: Revista Gaivota, setembro de 1977.

Não demorou muito para a Coqueiro conquistar a confiança e o paladar dos brasileiros. A qualidade dos produtos foi um pulo para ganhar o mercado exterior, exportando para diversos países. Como sempre acontece, os tubarões do mercado ficam de olho no crescimento de uma empresa. Quando veem nela um potencial concorrente, tratam logo de comprá-la. Assim aconteceu com a tradicional marca de refrigerante maranhense Jesus, quando comprada pela Coca-Cola, e não foi diferente com a marca Coqueiro, que foi adquirida pela Quaker do Brasil em 1973. Passou a produzir atum, sardinha sem pele e sem espinha e ampliou ainda mais sua liderança no mercado. Com o crescimento, uma fábrica só em São Gonçalo não deu conta, foi preciso criar então, em 1982, a fábrica de Itajaí em Santa Catarina.
Com o passar dos anos, para se manter no mercado, as empresas tiveram que não só se preocupar com a qualidade de seus produtos, mas também com o que fazem pelo meio ambiente e pelo social. Nesse caminho, em 2010, a Coqueiro ganhou o Selo Dolphin Free, atestando que a empresa não usa redes que possam capturar, ferir ou matar golfinhos durante a pesca.
Depois de tantas negociações, no final de 2011, a marca Coqueiro foi adquirida pela Camil, uma cooperativa agrícola mista onde o forte é feijão e arroz. Aquela mesma que tem como garoto propaganda o chef de cozinha e apresentador Edu Guedes.
Prestes a completar 76 anos, a Coqueiro tem uma fatia do mercado de 45% e líder absoluta desse segmento no Brasil, com mais de 200 mil pontos de venda em todo território nacional. Só as sardinhas representam 77% do faturamento, ficando com o atum os outros 23%. A fábrica de São Gonçalo é hoje a maior unidade de enlatamento de peixes do mundo.
É prazeroso para nós gonçalenses acompanhar o sucesso de uma empresa da nossa terra. Gerando empregos para o nosso povo e contribuindo com a arrecadação do nosso município. E que muitas mais apareçam, fazendo valer o bom e velho apelido de Manchester Fluminense.
Texto publicado em 7 de abril de 2014 no Sim São Gonçalo.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Que Bela Natureza!


Não estava correndo, uns 30 ou 40, o suficiente para degustar as belezas da cidade sorriso. Abri as janelas do carro para que nada se perdesse da minha visão, e é claro, também sentir a brisa do mar beijando o rosto.

Posso passar milhões de vezes, e em todas não desgrudo os olhos de cada pedacinho desse lugar. Desde a beleza  do Forte Gragoatá, passando pela fila de varas e molinetes a espera de uma cocoroca ou carapicú e quem sabe com sorte uma gorda enchova da baia. Não demora e estou diante da bela Ilha da Boa Viagem com sua inconfundível pontizela que leva a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem e as ruínas da fortificação que leva o nome da santa. Continuando me deparo com um belo e imenso disco voador repousando sobre o mirante da Boa Viagem. Fantasiando, é como se o piloto do outro mundo se rendesse as belezas da “terra nikit”, estacionou seu carango e foi dar uns mergulhos. Essa nave espacial foi projetada por Oscar Niemayer para embelezar ainda mais a cidade e se tornar o maior cartão-postal.

Uma fraca cotovelada no peito vinda do banco do carona com um esbravejo me tiram o foco da paisagem.

- Esta olhando o que? Tô de olho no senhor!

- Amor, estou olhando a beleza da Pedra do Itapuca.

- Itapuca, vai ser o que eu vou dar na sua cara se não parar de olhar para onde não deve.

Que violência! Explicar só me complica, então relaxei e continuei olhando (para natureza é claro).

Mas, quer saber. Ela tem as suas razões. Não pelo marido que é um anjo de candura, mas pela cidade ser um celeiro de mulher bonita. Ela mesma é prova disso, como cria da terra se enquadra na estatística.

Em 2012 o site americano AskMen, dedicado ao público masculino, elegeu a cidade de Niterói como o lugar com maior número de mulheres bonitas por metro quadrado. A cidade sorriso desbancou as principais cidades do mundo.

Não é de hoje que a cidade é campeã no quesito beleza feminina. Desde 1954, ano da criação do concurso, que Niterói é disparada a cidade com mais títulos de Miss Rio de Janeiro, a competição de beleza que escolhe a representante do todo estado do Rio de Janeiro para o concurso nacional de Miss Brasil. Foram 11 títulos, 5 a mais do que  a segunda colocada, a capital Rio de janeiro.

Logo no segundo ano do concurso, 1955, Ingrid Schmidt Grael levou o título de mulher mais bela do estado do Rio de Janeiro e o título garantiu a sua ida para o Miss Brasil. Ingrid, mas uma vez fez bonito. Foi eleita em segundo lugar no concurso.

Ingrid Schmidt Grael - Crédito LABHOI 

Mas dentre as representantes niteroienses que disputaram o Miss Brasil, a que chegou mais longe sendo corada a mulher mais bela do Brasil, foi Adriana Alves de Oliveira com o primeiro lugar no Miss Brasil do ano de 1981 que garantiu sua ida para o Miss Universo. E no concurso Adriana foi eleita a quarta mulher mais bela do planeta.

Adriana Alves de Oliveira - Miss Brasil 1981 e 4º lugar no Miss Universo 

- MEU DEUS! OLHA O SINAL!

Embora em pouca velocidade foi aquela freada barulhenta,  com cheiro de borracha queimada e com direito as listas negras  paralelas deixadas pelos pneus.

Segurando forte o volante ainda me recurando do susto, olho nos olhos da minha esposa, dou um sorrisinho meio sem graça e de minha boca sai as únicas palavras que vieram na cabeça naquele momento.

- Que bela natureza!

- Sei! Toca pra casa. Hoje você vai dormir com o cachorro.



Curiosidades:

- As curvas das mulheres niteroienses foram inspirações nas obras de Oscar Niemayer. É nítido quando apreciamos o Teatro Popular de Niterói que compõem um dos edifícios do conjunto Caminho Niemayer.  

- Ingrid Schmidt Grael casou-se com o militar Cel. Dickson Melges Grael e tiveram três filhos. Axel, Lars e Torben Grael, os irmãos sinônimos do iatismo nacional.

Axel, Lars e Torben Grael
- A cidade também tem uma lista interminável de modelos famosas. Juliana Galvão e Raica de Oliveira são algumas delas.

Texto publicado em 10 de dezembro de 2014 no Blog do Vovozinho.
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