sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Regredindo como Espécie e Evoluindo na Sapucaí

 

Impressionante como a evolução ainda esta bem longe da nossa espécie. Em pleno século XXI ainda vemos acontecimentos onde só veríamos em séculos passados. Eu lamento muito como ser humano e gostaria que só fossem contadas em aulas de história. Estou falando de preconceito, que infelizmente ainda existe em muitos países e infelizmente no nosso também.

Vemos diversos tipos de preconceitos, entre eles o religioso, como o que culminou na morte dos cartunistas do Charlie Hebdo. Esse tipo de preconceito também assistimos de pertinho, na cidade de São Gonçalo, quando a antiga prefeita lavou as mãos na demolição da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, em Neves, berço da umbanda, religião 100% brasileira.

Sem dúvida, o preconceito mais comum é o racial. É incompreensível para minha cabeça saber que uma pessoa trata a outra com diferença, por apenas não ter a mesma cor da pele.   

Eu posso ter nome de gringo e ser branco como farinha de trigo, mas sou negro de alma e tenho muito orgulho de morar em um país onde a contribuição cultural desse povo foi enorme.

Existe um bairro em Niterói que essa contribuição cultural esta bem nítida. É o caso do Cubango, onde o próprio nome indica suas origens. No século XVIII com a proibição do comércio de escravos, Niterói se tornou um entreposto clandestino de venda de escravos que desembarcavam nas praias da região oceânica. Os traficantes usavam Niterói para fugir da fiscalização e faziam da região um lugar de preparo e engorda de escravos para posteriormente serem vendidos. Com isso o surgimento de alguns quilombos era inevitável, pois os traficantes não podiam chamar a atenção das autoridades da capital do império. E assim historiadores relatam o surgimento de um Quilombo no Morro do Cubango, onde a expressão está relacionada à província de “Cuando-Cubango”, onde se presume que esses escravos vieram dessa região da Angola.

Não há nada que represente mais as origens africanas do que o samba. Então no bairro onde aflorou a cultura negra em Niteroi, nasceu também uma popular escola de samba.

Com o fim do Império Serrão, a agremiação reduto dos sambistas das comunidades do bairro, um grupo de sambistas, dentre eles, Ney Ferreira e Carlinhos Manga-Espada criaram em 17 de dezembro de 1959 a escola de samba Acadêmicos do Cubango. Quatro anos depois, em 1964, fazia sua estreia no primeiro grupo do carnaval niteroiense conquistando o vice-campeonato com o enredo “Maurício de Nassau”. Seu primeiro título na elite do carnaval de Niterói foi em 1967 com o enredo “O Brasil pintado por Debret”. Daí por diante só deu a Cubango no carnaval de Niterói, foram sete títulos em dez disputados na década de 1970. Até que nos anos 80 a escola foi convidada para desfilar no Rio de Janeiro e no seu primeiro ano no desfile carioca, a Cubango foi campeã do grupo IV. Em 1992 com enredo “Negro que te quero negro” chegava ao grupo I. 

Ensaios na quadra do Clube Fonseca - década de 60 
Ensaios na quadra do Clube Fonseca - década de 60
Este ano, a Acadêmicos do Cubando desfilará no sábado de carnaval com o enredo “Cubango, a realeza africana de Niterói”. Contando um pouco da sua própria história.

Enquanto não evoluirmos como espécie estarei torcendo pela Acadêmicos do Cubango evoluir na avenida e fazer bonito na Sapucaí.


Fotos da GRES. Acadêmicos do Cubango

Desfile na Amaral Peixoto - década de 70

Inauguração da quadra da escola - década de  60 

Inauguração da quadra da escola - década de  60 

Inauguração da quadra da escola - década de  60 

Inauguração da quadra da escola - década de  60 

Inauguração da quadra da escola - década de  60 

Desfile na Amaral Peixoto - década de 70

Desfile na Amaral Peixoto - década de 70


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