domingo, 3 de maio de 2015

Amor Infinito


    Em meados de 1990, recém formado na escola técnica de eletrônica e tendo que cumprir uma carga horária de estágio para me formar e poder dar “carteirada” com o CREA no bolso, me cadastrei no CIEE, como todo adolescente de ontem e de hoje faz.

   Animado com a possibilidade de trabalhar e ganhar meu próprio dinheiro sem mais depender de meus pais, corri para primeira oferta de estágio, tratava-se
 de uma empresa de informática no qual a matriz era em Volta Redonda e estavam abrindo uma filial no centro do rio. Mal recebi o papel com o endereço vazei pra lá. Chegando ao endereço do papel, Rua Teófilo Otoni nª 80, me deparei com um sobrado antigo de dois andares que deveria ter no mínimo 100 anos de idade. Subi cabreiro, não sei se por medo de despencar da escada de madeira barulhenta ou do que iria encontrar lá em cima. Passando pelo obstáculo da escada, que mais tarde aquele barulho faria parte de meu dia-a-dia, encontrei um simpático senhor de mais ou menos 50 anos mulato que se apresentou como o gerente da empresa(desculpe-me mas não lembro o nome) e logo tratou de me apresentar todos que fariam parte do inicio da minha vida profissional. Foram dois anos de muita luta, ralei, mais valeu muito a pena para adquirir experiência e melhorar minha carreira profissional. 
   Exatamente 10 anos mais tarde já com minha formação superior e careca de trabalhar, estava folheando um livro dentro da livraria Nobel sobre a história da fundação do Clube de Regatas Vasco da Gama, fiquei surpreso com o que li, exatamente aquele sobrado que tenho excelentes lembranças do inicio da minha vida profissional, foi palco de um momento histórico para a criação do Clube, foi lá que em 1898 um grupo de remadores portugueses que moravam no Rio, cansados de terem que viajar até o Clube de Regatas Gragoatá em Niterói para praticarem seu esporte favorito, decidiram fundar um novo clube de regatas na cidade do Rio de Janeiro, alí nascia o Vasco da Gama que teve o nome inspirados nas celebrações do quarto centenário da descoberta do caminho marítimo para as Índias, ocorrida em 1498. 

   Sou Vascaino desde criança e vibro com cada conquista do meu time de coração e não houve nenhuma influencia no fato de ter trabalhado no sobrado da fundação do clube. Acho que Deus me presenteou unindo as minhas duas paixões, a minha paixão por história e a minha paixão de torcedor.

Texto publicado em 12 de abril de 2014 no Blog do Vovozinho.

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