domingo, 1 de março de 2015

Inês é Morta



Algum de vocês conhece esta mulher? Claro que não, a Inês é morta.

Pois é, esse jargão popular que nos acompanha tem origem de nossos patrícios e difundindo principalmente pelo grande literário Luis de Camões. Conta a história que Inês de Castro uma nobre galega veio parar em Portugal para ser dama de companhia de Dona Constança, futura esposa de D. Pedro I de Portugal. Como todo casamento real na época era arranjado por questões diplomáticas ou políticas, o futuro rei se apaixonou por Inês e deste romance tiveram 4 filhos. D. Afonso IV monarca e pai do jovem príncipe não aprovava essa relação e mandou exilar Inês no Castelo de Albuquerque, na fronteira castelhana, e mesmo com a distância, o amor entre os jovens não se apagou. Então em outubro de 1344 Constança faleceu dando a luz ao futuro rei D. Fernando I, viúvo, D. Pedro mandou Inês voltar do exílio e os dois passaram a viver juntos, o que provocou um escândalo na corte. 

Havia boatos de que o Príncipe tinha se casado secretamente com D. Inês. Na Família Real um incidente deste tipo assumia graves implicações políticas. O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade o Rei ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele podia se casar livremente com D. Inês se assim o pretendesse. D. Pedro percebeu que se tratava de uma cilada e respondeu que não pensava casar-se nunca com D. Inês. 

A 7 de Janeiro de 1355, o rei cedeu às pressões dos seus conselheiros e aproveitando a ausência de D. Pedro numa excursão de caça, foi com Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e outros para executarem D. Inês de Castro em Santa Clara, conforme fora decidido em conselho.

Dois anos depois, morreu D. Afonso e Dom Pedro, seu filho e príncipe herdeiro, foi coroado, iniciando sua vingança. Mandou executar todos os participantes do cruel julgamento. Dois deles tiveram os corações extraídos do peito — um pela frente e o outro pelas costas. Em seguida, ordenou que fossem trazidos os restos mortais de Inês de Castro para o palácio. Assentada no trono, todos os cortesãos foram obrigados a desfilar perante ela para o beija-mão. E isso, depois de Inês de Castro ter sido coroada rainha.

Mas a coroação já não fazia mais sentido, pois agora Inês já estava morta. A coroa chegou atrasada.

Texto publicado em 25 de março de 2012 no Grupo Rio Antigo

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