segunda-feira, 2 de março de 2015

Visite São Gonçalo e caia num buraco


Assim que me mudei para São Gonçalo notei que muitos carros usavam um adesivo que dizia: “Visite São Gonçalo e caia num buraco”, fazendo alusão aos adesivos utilizados também pela cidade vizinha Niterói que citavam quanto era difícil dirigir na cidade sem ser multado. Como andava de ônibus naquela época não me irritava tanto, mas vira e mexe acordava assustado nas minhas viagens de volta para casa depois de um dia de labuta quando começava a voar da poltrona como se tivesse galopando um cavalo xucro até ficar com a bunda doendo. Fiz umas economias e finalmente pude comprar um caidinho. Ai foi um inferno, a orelha da prefeita deve ter ficado roxa de tanto que eu falava quando caia num buraco. Olha que não eram poucos buracos não. Pensava comigo mesmo, tenho que comprar uma PICK-UP, só desse jeito podemos andar motorizados em São Gonçalo.

É uma pena que a cidade que sediou a segunda corrida oficial automobilística do Brasil (Circuito São Gonçalo), que deveria ser um exemplo em pistas asfaltadas no Brasil, esteja tão atrasada em matéria de asfaltamento.


Circuito São Gonçalo

Surpreso? Sim em 1909, um ano depois da fundação do Automóvel Club do Brasil, com pouco tempo de emancipação, São Gonçalo recebeu o segundo evento desse porte numa época que poucas pessoas possuíam carro.

O percurso total tinha 72 quilômetros de extensão, ida e volta, margeando a linha férrea. A largada foi dada em Neves, de onde os competidores iam até a Fazenda do Engenho Novo, em Monte Formoso, e depois retornavam à origem.

Era uma novidade não só no Rio de Janeiro, então Capital Federal, mas no país. O evento foi um grande sucesso, e contou com a presença de ilustres convidados, entre políticos e pessoas da alta sociedade. Muito badalado, o evento, foi o primeiro da América Latina a ser transmitido por telégrafo para outro país, pelo francês Lucien Lousson, repórter do jornal L’Auto de Paris.

O grande vencedor da corrida do Circuito de São Gonçalo foi Gastão de Almeida, pilotando um modelo Berliet, fabricado em 1908.
Gastão de Almeida em seu possante

Espero que chegue o dia em que não gaste uma fortuna com troca da suspensão do carro. Sim, claro que nossas pistas melhoraram comparadas com a época que pousei nessa cidade, mas com certeza absoluta precisamos melhorar ainda mais.

Texto publicado em 11 de junho de 2012 no Grupo Rio Antigo.

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